terça-feira, 29 de agosto de 2017

Diário de voo

Imagem: Google
Subi! O mais alto que pude;
Com asas brandas, cheguei ao céu.
Ah! Como era lindo.
A felicidade comandava o voejo;
Era um voo com destino certo.

Mas num elance do voo e vida,
Minhas asas foram cortadas,
Sem condolências, sem piedade.
Então, cai bruscamente...
Queda de sonhos, de expectativas.
Estava alto demais;
O vento em meu corpo, machucava minha alma.

Como poderia alguém forjar minhas asas?
Que dentre almas quiça um amor?
Sem pudor e sem condoimento me lançou?

Doeu! Machucou!
Feriu o mais íntimo da alma entregue.
Mas cheguei ao solo, nivelado, plano, liso;
Diferente de um voo sem assimetria.
Com o peito aberto e coração sangrando,
Fui recebida por anjos terrenos,
Que entre lenitivos, desvelaram o real.

Mas ainda que arriscado e incerto,
Eu nasci para voar.

(Adriana Ishikawa)